segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

1000

Saiu para as bancas no passado dia 28 de Janeiro, o JL nº 1000, com uma edição especial e a oferta de um livro de poesia da Leya, a dois meses de festejar 29 anos de existência - sempre com o mesmo director, José Carlos de Vasconcelos.
Tudo começou em 1981 - e pode dizer-se que o JL me tem acompanhado ao longo da minha actividade de professor pois comecei a leccionar no ano lectivo de 1980-81 e a ler o Jornal de Letras, Artes e Ideias, desde o nº1.
Criado por um grupo de amigos (José Carlos Vasconcelos, Eduardo Pardo Coelho, Augusto Abelaira e Fernando Assis Pacheco) para substituir os suplementos literários que pontuavam nos jornais nacionais de então, o JL mostrou ser um jornal diferente logo no primeiro número, saído a 3 de Março de 1981. A primeira página era dominada pelo desenho de João Abel Manta, que assina igualmente mais oito ilustrações dispersas pelas 36 páginas do jornal, sem contar com a última página, onde se repete toda a primeira página mas invertida da direita para a esquerda, criando um efeito original. O jornal custava 25$00 - 12,5 cêntimos.
Folheando o meu precioso exemplar, releio uma entrevista de Assis Pacheco a José Cardoso Pires, um conjunto de notícias breves sobre a publicação de Poesia Toda, de Herberto Helder, uma homenagem a Óscar Lopes nos 40 anos de vida literária, várias sobre teatro, música e dança, nova exposição de Júlio Pomar em Paris. Francisco Belard escreve sobre cinema português e Eduardo Prado Coelho sobre cinema húngaro. As páginas 12 e 13 são dedicadas à TV e à rádio. Nas três páginas seguintes, Eduardo Lourenço escreve sobre Jorge de Sena, de quem se dá a conhecer três poemas inéditos. Segue-se um artigo de Augusto Abelaira, um texto de Eduardo Prado Coelho sobre Vergílio Ferreira, com algumas páginas inéditas do seu livro "Conta-Corrente 2", outro de Fernando Belo sobre "A crise dos cristãos de esquerda". José Sesinando escreve sobre música na página 22 e Alexandre Pinheiro Torres na página 23, antecedendo um artigo de Nuno Bragança. Na página 26, Manuel Maria Carrilho escolheu "Metamorfoses do Corpo", de José Gil, para "O livro da quinzena", seguido de um magnífico estudo de Paula Morão sobre a fotografia de Jorge Molder. Seguem-se algumas páginas de crítica e teoria literária, história, cinema (Resnais, e um texto de João Mário Grilo sobre Godard), música (incluindo um texto de João Freitas Branco), teatro ("O Judeu" no Teatro Nacional) e a crítica (e crítica a sério, sublinhe-se) de Sílvia Chicó às exposições mais recentes.
O JL nº1 criou grandes expectativas em relação ao nº 2 (17 de Março de 1981), amplamente satisfeitas ao longo das suas 32 páginas recheadas de artigos assinados por grandes nomes das letras e da cultura, com diversas ilustrações de João Abel Manta, seguindo o modelo do primeiro número excepto na solução invertida da capa na última página.

Ao longo dos 1000 números publicados, o JL foi mudando de aspecto gráfico e formato (actualmente mais pequeno que o inicial), passou a edição a cores, actualizou os seus conteúdos e diversificou-se ainda mais com o recurso a suplementos especializados e parcerias editoriais, acabando por seguir uma linha mais comercial, pertencendo actualmente ao grupo Impresa / Mediapress de Pinto Balsemão. Este rumo não comprometeu os objectivos e especificidades do jornal, permitindo uma mais ampla presença e acção nos diversos espaços de cultura, inclusive nos cantos remotos do espaço lusófono.
Continuo a depositar grandes esperanças na continuidade do JL e, tal como aconteceu com o nº 2, aguardo com expectativa a publicação do nº 1001.

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