quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

OBRAS DE ARTE EM SEIA - 1

“Torneio dos Doze de Inglaterra” – fresco de Martins Barata (1966)
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Quem passar pela sala de reuniões da Câmara Municipal de Seia, onde funcionou a sala de audiências do Tribunal de Seia até Outubro de 1998, encontrará um fresco de grandes dimensões representando um torneio medieval. Intitulada “Torneio dos Doze de Inglaterra”, a obra é da autoria do pintor Jaime Martins Barata e evoca o célebre episódio dos doze cavaleiros, que se reuniram em Seia antes de partirem para Inglaterra. Ver mais em Martins Barata.

O fresco do antigo Tribunal de Seia data de 1966 e insere-se no vasto plano de remodelação da rede de Tribunais portugueses, iniciado no final dos anos 50 do século XX, que mobilizou diversos arquitectos e artistas. Jaime Martins Barata já era então conhecido pelos seus frescos e, em 1959, chegou mesmo a descobrir um importante melhoramento nessa técnica, que se reflectiu nos resultados visuais dos trabalhos que realizou durante os anos 60.

Jaime Martins Barata nasceu em Castelo de Vide em 1899 e faleceu em 1970, em Lisboa. Ver mais dados em
www.geneall.net/P/per_page.php?id=283703.

Conviveu com grandes figuras do seu tempo (Cottinelli Telmo, Jorge Barradas, Abel Manta, Almada Negreiros, Fernando Pessoa, Abel Manta, Leitão de Barros...), em particular Roque Gameiro, de quem se tornou amigo e partilhou o gosto pela aguarela, acabando por casar com a sua filha em 1925. Era já, então, professor de Desenho no Liceu de Setúbal, uma profissão com a qual sempre se identificou, mesmo quando alcançou a fama, em 1940, com dois trípticos de grandes dimensões destinados ao Pavilhão de Lisboa da Exposição do Mundo Português e posterior convite para realizar uma série de selos para os CTT. O seu trabalho seguia temas consensuais e os valores estéticos do regime, o que agradava aos decisores políticos. Chamado a colaborar com o Estado nos anos 60, Martins Barata realizou uma série de frescos em vários edifícios públicos (sobretudo Palácios da Justiça), dispersos um pouco por todo o país, sendo dignos de destaque os seus frescos nos Palácios de Justiça do Montijo (1959), do Porto (1961), Aveiro (1962), Olhão (1963), Fronteira (1966), Castelo Branco (1968), e Vila Pouca de Aguiar (1969). O fresco do Palácio de Justiça de Fronteira, representando a batalha dos Atoleiros, era considerado pelo artista como a sua melhor obra, tendo sido realizado no mesmo ano do fresco de Seia (1966), o que permite curiosas comparações.

Para além de frescos, Martins Barata produziu alguns cartões para tapeçaria e alguma pintura a óleo, sobretudo retratos. No Palácio de Justiça de Oliveira do Hospital, encontra-se uma tapeçaria deste artista multifacetado e polivalente, intitulada "Viriato" (1966). O facto de ser hoje relativamente desconhecido no contexto da arte nacional deve-se à sua opção por uma vida de isolamento (não apreciava a vida social, não expunha os seus trabalhos nem dava entrevistas), mas também ao esquecimento a que foi votado após o 25 de Abril de 1974, ocorrido quatro anos após a sua morte, devido ao seu alinhamento com a estética do Estado Novo.

Após a construção e entrada em funcionamento do novo Tribunal de Seia, a Câmara Municipal tomou posse do espaço, que sofreu obras de remodelação, e encomendou em 2002 a limpeza e restauro do fresco de Martins Barata à empresa Pintura Livre, Lda, especializada em conservação e restauros, que devolveu à obra a integridade e colorido originais.

Fontes: sites indicados;“Martins Barata, um Pintor (quase) esquecido”, Notícias Magazine / DN, 25/03/2001. Agradecimentos especiais a João M. B. Cabral.

1 comentário:

João Cabral disse...

Para informação:
Novo site de Martins Barata em
www.martinsbarata.org