terça-feira, 2 de junho de 2009

José Santos em Cantanhede

Fotografia de José Santos, do conjunto "Luzes"
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Continua a digressão da exposição "Luzes", de José Santos. Após a inauguração em Viseu, no Museu Grão Vasco, as fotografias foram mostradas no Museu de Lamego até 31 de Maio e encontram-se patentes ao público na Biblioteca Municipal de Cantanhede. A mostra prolonga-se até ao fim de Junho.
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No dia 06 de Junho, e só durante esse dia, esteve patente no Hotel Marialva, em Cantanhede, a sua exposição de fotografia "Senhor e Deus", que já esteve na Igreja Nova de São Romão e no Posto de Turismo de Seia. Esta série de fotografias tem por base a imagem de cristo crucificado, desfocada ou distorcida por métodos próximos da "light painting" (pintura com luz), termo que o autor considera insatisfatório para enquadrar o seu método fotográfico - que lhe permite obter resultados visuais muito próximos do desenho e da pintura.
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O conceito "light painting" é propositadamente amplo, não fazendo sentido criar subdivisões num método criativo que utiliza meios mecânicos, movimentos de máquina, iluminação artificial e até retoque digital recorrendo a software apropriado, tudo em interacção expressiva, ou separadamente, com preciosismos especializados. Os resultados podem variar - e ainda bem que a linguagem estética desta modalidade de fotografia artística permite múltiplas variações. Veja-se, por exemplo, os trabalhos de pura encenação ambiental de Brian Hart .
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Por outro lado, parece-me bem distinguir a expressão e produção artística da "light painting" de conceitos tecnológicos do género "Arrastar e Soltar" do sistema "Sense and Simplicity", desenvolvido pela Philips - pelo menos enquanto não evoluirem para propostas estéticas de renovação dos ambientes visuais. O sistema "Sense and Simplicity" permite transformar as paredes da nossa casa em telas com formas luminosas em movimento, utilizando um "pincel mágico".
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Numa visão parcelar do trabalho fotográfico de José Santos, que é multifacetado (como sugere a fotografia que apresenta na ARTIS 8 - em Seia), continua a parecer-me que as fotos de "Luzes" são únicas na forma e no conteúdo, valendo à priori pela sua riqueza plástica, e dispensam maior categorização. A procurar um termo específico seria no âmbito desses efeitos e não nos métodos, se é mais "pintura" ou mais fotografia, dúvida que já não acontece nos trabalhos de "Senhor e Deus". Aí, o autor explora os limites reconhecíveis da forma fotografável intensificando o dramatismo da crucificação com deformações intencionais - evocando em certa medida a gramática visual de Francis Bacon.
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A exposição "Senhor e Deus" tem convites para Gouveia e Moimenta da Beira, ainda sem data marcada. "Luzes" tem convite para Sernancelhe, ainda sem data, e para Resende, no próximo ano, havendo a possibilidade de passar por Idanha-a-nova ainda em 2009.

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