sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Entre as Margens* – As pontes são miragens

Vista parcial da exposição

*“Entre as Margens - Representações da Engenharia na Arte Portuguesa”,
Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto
22 de junho a 25 de agosto – prolongada até 22 de setembro de 2013

O 50º aniversário da Ponte da Arrábida foi o pretexto para uma retrospetiva da representação de pontes na arte portuguesa, apresentando grandes nomes da pintura do século XIX e XX. Uma exposição coorganizada pela Faculdade de Engenharia da UP, Faculdade de Belas Artes da UP e Museu Nacional de Soares dos Reis, reunindo obras de 64 dos principais artistas portugueses dos séculos XIX,XX e XXI,  selecionadas por Manuel Matos Fernandes e Bernardo Pinto de Almeida.

As margens começam por ser as do rio Douro, do lado do Porto e de Gaia. E nesse aspeto, sublinhe-se bem sublinhado, a exposição revela um grande trabalho prospetivo, de artistas portuenses que de algum modo representaram nas suas obras as pontes do rio Douro, a começar por Silva Porto – e na pintura, pois também na gravura haveria muito a evocar, para os entendidos, e muito para mostrar/revelar ao público em geral. E ainda outras margens – de outros rios que impressionam e inspiram. Rios e pontes que despertam memórias individuais e coletivas, com história. Património. Cultura.

O subtítulo da exposição, “Representações da Engenharia na Arte Portuguesa”, deixa contudo a exposição aquém das expetativas. Na verdade, as engenharias das pontes na arte portuguesa são presenças ocasionais, sombras omnipresentes, referências espaciais cenográficas. Poucos artistas se dedicaram ao tema, reduzindo frequentemente as pontes a silhuetas - das estruturas em ferro que se elevavam graciosamente no ar transmitindo simultaneamente uma sensação de leveza e de segurança, fenómenos funcionais, ou da robustez aventureira do betão, vencendo finalmente vãos até então invencíveis. Mais do que “uma passagem/miragem”, como os Jafumega referiam nos anos 80.

Qual será a resposta lisboeta nos 50 anos da Ponte 25 de Abril (6 de agosto de 1966) ou nos 20 anos da Ponte Vasco da Gama (29 de março de 1998)?

Amadeo de Souza-Cardoso, sem título (Ponte),1914,óleo s/tela – Museu Coleção Berardo

Vieira da Silva, “Le Pont”, 1954/60, óleo s/tela

Júlio Pomar, “Cais da Ribeira”, 1958, óleo s/tela

Manuel Gantes, “Gulliver”, 2006-2007, óleo s/tela

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