sexta-feira, 31 de julho de 2015

I Bienal de Gaia 2015 reúne 433 artistas

A I Bienal de Gaia 2015 reúne 433 artistas, com obras expostas em diversos locais da cidade de Vila Nova de Gaia e Porto (ver mapa). Organizada pelos Artistas de Gaia - Cooperativa Cultural, com o apoio da Câmara Municipal de Gaia, a Bienal decorre até 09 de agosto 2015.


HORÁRIO DAS EXPOSIÇÕES
- De segunda a sexta-feira, das 14h às 19h
- Sábados e domingos, das 10h às 19h
Entrada livre


“António Ferro: O Inventor do Salazarismo”

Um livro fundamental para conhecer o escritor, jornalista e político português responsável pela política cultural do Estado Novo. À frente do Secretariado de Propaganda Nacional (Secretariado Nacional de Informação após a II Guerra), António Ferro (1895-1956) concebeu toda uma estratégia cultural que marcou o século XX português, conciliando tradição com a modernidade, o popular com o erudito, as frágeis e efémeras manifestações populares com as imponentes manifestações da autoridade do Estado. Editor da revista “Orpheu”, que introduziu o Modernismo em Portugal, apoiou e divulgou alguns dos artistas mais arrojados do seu tempo e a arte moderna, tendo sido afastado do poder pela elite conservadora do regime até um quase exílio em Berna.


O livro de Orlando Raimundo (Dom Quixote, 2015) permite compreender a importância de Ferro na história da cultura do século XX português, através de relatos muito vivos, que se compreendem melhor em contraponto com o documentário de Paulo Seabra «ESTÉTICA PROPAGANDA UTOPIA no Portugal de António Ferro»(1).

(1) - 1ª parte | 2ª parte do documentário.

O plágio na Arte

O artista japonês Kenjiro Sano plagiou o belga Olivier Debie – ou as semelhanças entre os logótipos do Teatro de Liége e dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 são puramente ocasionais? No cerrado, veloz e complexo mundo de imagens em que vivemos, em frenético modo de (re)produção e difusão simultânea de milhões de imagens tidas por originais, nenhum artista pode garantir que é absolutamente original e inovador, que não está a plagiar involuntariamente outro artista. O problema é que, para a máquina judicial, o plágio é crime. No mínimo, involuntário. 

Os limites da Arte

Quais são os limites da Arte? A arte enquanto intervenção política e social deve ser crítica mas pode (ou deve?) ser agressiva? As performances radicais do artista russo Petr Pavlensky são geralmente muito polémicas. A última, na Praça Vermelha, atirou-o para o banco dos réus. O julgamento está marcado para setembro.

O Retrato na Coleção do CAM



Decorre até 19 de outubro no Centro de Arte Moderna da FCG, em Lisboa, a exposição “Olhos nos Olhos” – o Retrato na Coleção do CAM-FCG, abordando “múltiplas técnicas, modos de representação, correntes estilísticas, e um permanente fascínio pelo registo de si próprio ou dos que são próximos ou, no lado oposto, o desejo de captar as celebridades ou os grandes vultos da cultura e da história”.

O retrato de Cavaco Silva

Aproximando-se a irrevogável saída de Cavaco Silva da Presidência da República, pergunta-se qual o artista que escolherá para pintar o seu retrato presidencial, com lugar marcado na Galeria dos Retratos Oficiais no Museu da Presidência da República.
O 25 de Abril e 1974 arejou as mentalidades nacionais mas os antigos gostos artísticos persistiram durante mais alguns anos. No caso dos retratos presidenciais, nota-se a tensão entre os antigos e novos valores estéticos enquanto o cargo foi ocupado por militares.
António de Spínola foi retratado por Duarte Pimentel, entre outros, mas o seu retrato presidencial é da autoria de Francisco Lapa, filho do mestre Manuel Lapa, que em 1974 optou por conferir à obra alguns traços da pintura “naïf”. Joaquim Rebocho pintou Francisco da Costa Gomes em 1987, um retrato muito criticado mas fruto de uma época de irreverências e liberdades. O retrato de Ramalho Eanes foi pintado por Luís Pinto Coelho em 1991, e carateriza-se por uma excessiva rigidez, traduzindo em grande parte a imagem pública do primeiro Presidente eleito.
A arte contemporânea entrou com estrondo na Galeria dos Presidentes em 1992, graças ao retrato de Mário Soares por Júlio Pomar. A escolha surpreendeu o próprio Pomar, a quem Soares terá dito “Pinta-me como quiseres”. Jorge Sampaio seguiu o exemplo do seu antecessor e fez-se representar em 2005 por Paula Rego. Novamente, um retrato polémico, nada consensual, como aliás deve ser a arte contemporânea: inquieta, questionadora e irreverente.

E com Cavaco Silva, como vai ser?


o género do retrato na pintura possui caraterísticas muito próprias, realizando-se plenamente no subtil compromisso entre a habilidade técnica e a capacidade de observação / perspicácia psicológica do retratista. Mas há dias melhores e dias piores, até para os artistas, nem sempre o retratista consegue vencer as barreiras de imagem do retratado. Parece que aconteceu precisamente isto com Lucian Freud no retrato de Isabel II, o tamanho do suporte (15,2 x 23,5 cm) também não terá ajudado, assim como a escolha de um pintor compreensivelmente pouco à vontade perante os formalismos da pose real. No caso dos presidentes da nossa República, estes encomendaram os seus retratos preferencialmente a pintores amigos, irmanando-os nessa iconografia memorialista para a posteridade. Francisco Lapa e Joaquim Rebocho são artistas pouco conhecidos mas a história dos “pintores amigos” começa logo com Columbano, que pintou três amigos e correligionários, Manuel de Arriaga (1914), Teófilo Braga (1917) e Teixeira Gomes (1925). Na verdade, o retrato pintado é um género muito exigente e a maior parte dos pintores despacharam-no alegremente para os fotógrafos logo após a invenção da fotografia. Na escultura, a reprodução tridimensional é mais intuitiva do que a ilusão da profundidade e dos volumes no retrato pintado, havendo casos de excelentes escultores que também fracassaram em muitos bustos e estátuas, com encomendas canceladas e obras devolvidas. No retrato fotográfico, a habilidade técnica está simplificada pelos meios mecânicos e o fotógrafo pode "perseguir" o momento em que o retratado melhor se revela.